A importância da suplementação com Vitamina D na prevenção de doenças crónicas
Nutrição

10 Março 2023

A importância da suplementação com Vitamina D na prevenção de doenças crónicas

A importância da suplementação com Vitamina D na prevenção de doenças crónicas

Se tiver uma consulta com uma Nutricionista Funcional de certeza absoluta que sairá com uma série de pedidos de análises bioquímicas. Mas uma, em especial, garanto que não faltará na lista: a vitamina D.


A atenção dos profissionais a esta vitamina - que na verdade não é bem uma vitamina, mas sim uma pré-hormona (1) – tem vindo a aumentar à medida que mais estudos científicos são feitos sobre seu papel na saúde e prevenção de doenças.


Estudos epidemiológicos têm constatado que uma expressiva parcela da população mundial apresenta baixos níveis séricos de vitamina D. Alguns países chegam a apresentar taxas de deficiência de vitamina D superiores a 50%, como observado no Brasil, Dinamarca e Alemanha (4).



Mas afinal o que é vitamina D e quais as suas funções?



A vitamina D (também conhecida como “calciferol”) é uma vitamina lipossolúvel que está naturalmente presente em alguns alimentos, podendo também ser obtida através da suplementação. Esta vitamina é também produzida endogenamente quando os raios ultravioleta (UV) da luz solar atingem a pele e desencadeiam a sua síntese.


A vitamina D obtida da exposição solar, dos alimentos e suplementos é biologicamente inerte e precisa de passar por duas hidroxilações no corpo para ser ativada. Fontes alimentares e de suplementação de vitamina D apresentam duas formas principais, a D2 (ergocalciferol) e D3 (colecalciferol), que diferem quimicamente apenas nas suas estruturas de cadeia lateral, sendo ambas bem absorvidas no intestino delgado.


A ingestão de vitamina D contribui para a normal absorção/utilização do cálcio e do fósforo e para os níveis normais de cálcio no sangue. Contribui ainda para a manutenção do normal funcionamento muscular, ossos e dentes normais, para o normal funcionamento do sistema imunitário e para o processo de divisão celular.


Níveis adequados de Vitamina D previnem o raquitismo em crianças e a osteomalacia em adultos. Juntamente com o cálcio, a vitamina D também ajuda a proteger os idosos da osteoporose.



A vitamina D no desenvolvimento de doenças crónicas


 

1. Vitamina D e a Depressão


Os índices de depressão no mundo são altos e têm crescido exponencialmente a cada dia. Isto deve-se a diversos fatores envolvidos, mas estudos científicos (2) encontraram uma relação significativa entre os níveis de vitamina D e o quadro clínico de depressão. Pessoas  com deficiência de vitamina D apresentam maior risco de desenvolvimento e manutenção do estado depressivo. A manutenção do estado depressivo é a situação onde o paciente não responde bem ao tratamento medicamentoso. Estes mesmos estudos afirmam que a suplementação de vitamina D possui um impacto positivo na redução deste estado.



2. Vitamina D e o Cancro


Estudos com culturas celulares e modelos experimentais com animais sugerem que a vitamina D pode inibir a proliferação de células cancerígenas. Foram encontradas correlações ecológicas entre deficiência de vitamina D e o cancro, como por exemplo:


- Maior incidência de cancro em países com menor exposição solar (a maior síntese de vitamina D é feita na pele através da exposição solar);


- Maior mortalidade por cancro no inverno (menor exposição celular);


- Maior mortalidade por cancro entre pessoas de pele negra (quanto mais escura a pele maior o tempo necessário para sintetizar a mesma quantidade de vitamina D (3).



3. Vitamina D e Doenças Cardiovasculares


A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença crónica, de origem multifatorial, que envolve desde fatores genéticos a comportamentos ligados aos indivíduos, como hábitos alimentares, tabagismo, inatividade física, entre outros. Dentro dos hábitos alimentares, acreditava-se que uma alimentação rica em sal e ultraprocessada (as comidas prontas que encontramos nas prateleiras dos supermercados que são ricas em sódio) eram os principais vilões, mas ensaios científicos têm vindo a demonstrar que a deficiência de vitamina D também pode estar envolvida. Alguns estudos experimentais tem indicado que a deficiência de vitamina D ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona, o que pode levar a hipertensão arterial sistêmica (HAS)(4).



Nutrigenética e Vitamina D



No mapeamento genético focado na Nutrição é possível identificar polimorfismos genéticos que possam influenciar significativamente a redução da biodisponibilidade da vitamina D. Esta é uma informação valiosa num acompanhamento nutricional funcional, pois permite ao profissional agir preventivamente, calendarizando a realização de análises bioquímicas e prescrição de suplementação. Estas ações garantem protocolos assertivos que evitam as quedas constantes nos níveis da vitamina e garantam os melhores níveis para a promoção da saúde e prevenção da doença.



Como obtenho naturalmente a vitamina D?



Nos seres humanos, apenas 10% a 20% da vitamina D provém da dieta (4). A maior fonte está na epiderme (pele) e é obtida através da exposição solar. A grande questão é que mesmo em países com muito calor e sol, os índices de insuficiência e deficiência de vitamina D são muito altos. Outra questão importante sobre alcançar os níveis ideais de vitamina D de forma natural, é o tempo necessário para que isso aconteça, podendo levar meses ou até nem alcançar os níveis adequados, gerando riscos.



Quando devo suplementar com vitamina D



A suplementação de vitamina D deve ser acompanhada pelo seu nutricionista, principalmente se é recorrente (aquelas pessoas que suplementam frequentemente, mas mesmo assim possuem níveis baixos de vitamina D). 


Um profissional na área da Nutrição, em especial Nutricionistas Funcionais, tem habilidades técnicas e científicas para construir consigo uma avaliação mais aprofundada sobre o contexto clínico, ambiental e genético que possam influenciar nessa deficiência.


Pessoalmente, já acompanhei casos em que a deficiência de vitamina D tinha relação com produtos químicos cujo contato frequente podiam influenciar na eficiência do metabolismo renal da vitamina D, por isso aconselho vivamente a que procure uma nutricionista para o ajudar especificamente no seu caso.

 


Referências

 

  1. Moeda. S. S. et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58/5.
  2. Lobão, R. K. A. M. et al. Relação da vitamina D e a depressão: revisão da literatura . Research, Society and Development, v. 11, n. 16, e484111638431, 2022 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i16.38431
  3. Lichtenstein, A. et.al. Vitamina D: ac¸ões extraósseas e uso racional. rev assoc med bras. 2013;59(5):495–506.
  4. Jorge. A. J. L, et. al. Deficiência da Vitamina D e Doenças Cardiovasculares International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(4)422-432.
  5. https://ods.od.nih.gov/factsheets/VitaminD-HealthProfessional/

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